Deixe seu comentário e ajude a montar esta pauta.
Até o momento tenho:
Escola de Fotografia para Cegos de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Ideia do fotógrafo Nauro Júnior
http://redeglobo.globo.com/como-sera/noticia/2015/03/fotografo-cria-curso-para-deficientes-visuais-em-pelotas-rio-grande-do-sul.html
Gostaria de saber sua opnião, comentários, experiências e o que mais tiver sobre este assunto. Se tiver uma sugestão de pauta, pode deixar no comentário. Note que você pode postar anonimamente. O assunto abordado deste post será gravado no Programa Zmaro na TV, que é um programa semanal que esta em 20 emissoras de tv pelo Brasil, no youtube em www.youtube.com/zmarosobrinho, no site www.Zmaro.com.br e outros canais. Participe! Colabore com o Programa Zmaro. Obrigado! 8-)
Abaixo texto que recebi do site deficienciavisual: I congresso online internacional de inclusão e reabilitação da pessoa com deficiente visual.
Prof. João Kulcsár
O título desta apresentação é fotografia e deficiência visual, por que não
?
Tenho mestrado em
artes pela Universidade de Kent, Inglaterra,1996/7, como bolsista do The
British Council. Fui professor visitante na Universidade de Harvard
2002/3, como bolsista da Comissão Fulbright. Professor do Senac-sp desde 1990. Curador
de exposições fotográficas no Brasil e no exterior. Autor de diversos livros
como Herança Compartilhada e Retratos Imigrantes. Editor do site www.alfabetizacaovisual.com.br
Histórico
O projeto de
fotografia para pessoas com deficiência visual teve início em março de 2008, no
Senac-SP e foi desenvolvido com a metodologia da alfabetização visual, que capacita
alunos para atuarem como educadores em projetos socioculturais de maneira refletiva,
consciente e crítica.
As aulas são
semanais de fevereiro a dezembro,
Esta apresentação é
resultado da pesquisa de professores e alunos, apresentações de TCC,
relatórios produzidos durante este período de 8 anos.
Não existia no mundo
experiência desta natureza um curso de longa duração.
COMO os def visuais
fotografam ?
A pergunta é POR QUE ELES FOTOGRAFAM – pelas mesmas razoes
que todos os videntes
Para registrar um
instante e para mostrar para os outros.
Clodoado – aluno na
primeira turma – tinha dois sonhos – 01 fotografar e o segundo era dirigir , na
época falamos que o segundo era muito difícil, mas hoje percebemos que não é,
pois existem carros que andam sozinhos –
Dei este curso em
vários cidades no brasil e no exterior ( Estados unidos, México,
Portugal, Itália , suíça, Inglaterra)
“Eu não acho que
ficamos cegos. Acho que somos cegos. Cegos que podem ver, mas não veem”. Personagem
do livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. Diariamente, os limites da humanidade
e da civilização são rompidos, mas parece que não queremos enxergar. Será que
todos nós estamos ficando cegos?, diz Saramago.
Ao dispararem o
botão da câmera, focando a acessibilidade, pessoas com deficiência visual
propõem uma discussão sobre a questão da técnica e da estética fotográfica, além
de transformar o ato de fotografar num ato político que nos faz repensar o conceito
de cegueira. Afinal, você vê, enxerga ou também tem deficiência visual?
Produzimos
exposições em várias cidades no Brasil e exterior
Atualmente temos a
mostra São Paulo cidade (in) acessível no Sesc Campinas
As fotos desta
exposição apresentam a cidade por vezes acessível e por vezes
inacessível foram
feitas por alunos do projeto deficientes visuais e servem como uma reflexão
para discutir a cidade que queremos.
E na Pinacoteca
Desenvolver uma
exposição fotográfica acessível das fotos produzidas
durante o curso de
fotografia para e com pessoas deficientes visuais na
Pinacoteca do
Estado de S. Paulo. O curso, dividido em três módulos, se propõe por meio de
didáticas multissensoriais o desenvolvimento das formas de expressão e a
reflexão dos participantes e assim expandir seus canais de comunicação.
Metodologia
Como proposto por
Freire em Pedagogia da Autonomia, a base do projeto acredita no desenvolvimento
de possibilidades para uma própria produção e construção dos conceitos
abordados. O papel do professor atua na fase de fomentação e difusão das
ideias; agindo como mediador entre a necessidade do aluno e melhor apresentação
do recurso de ensino, pois cada participante é único e tem suas necessidades
teóricas e práticas.
“O homem superou
limites e coisas que jamais pensava poder ser superadas. Quando você fotografa
e não tem que pedir para outra pessoa fotografar para você, acaba criando
autonomia”, comenta Clodoaldo.
Com esse
comentário, Clodoaldo não só sublinhou o grande potencial do curso em devolver
confiança, autoestima e independência no dia a dia dos alunos envolvidos, mas
também destacou a importância de romper com os estereótipos impostos pela
sociedade, desmistificando a condição de impotência que muitos deficientes
visuais são submetidos. Cada encontro foi preparado na intenção de corresponder
às expectativas, desbravando o “desconhecido”, já que tudo era novidade para
todos os envolvidos.
No primeiro ano
desta iniciativa ficou evidente que, acima de tudo, o programa envolve o tripé
estético, técnico e ético, de metodologia participativa, conquistada
colaborativamente, com auxílio de muitas mãos.
Uma das técnicas
que mais influenciam os alunos é o light painting, que literalmente significa,
pintar com a luz. Esse recurso permite produzir imagens em locais de pouca ou
nenhuma luminosidade, com auxílio de objetos que emitam luz, como: lanterna,
celular, laser etc, o fotógrafo tem total controle da situação e pode assim,
desenhar a cena da forma como desejar.
PORQUE FOTOGRAFAR?
Criar
possibilidades sobre a própria fotografia. No filme Janela da Alma Evgen Bavcar afirma que “não
devemos falar a língua dos outros e nem utilizar o olhar dos outros, porque
nesse caso existimos através do outro. É preciso existir por si mesmo.”
Vivemos numa
sociedade totalmente imagética, repleta de informações visuais, todo tempo
somos impulsionados a fragmentar, eternizar de forma fotográfica as
experiências vivenciadas. Através da tecnologia somos capazes de fazer fotos e
compartilhar com amigos, familiares e desconhecidos de forma instantânea. Pessoas
com deficiência visual não estão desprovidos das percepções sobre seu
cotidiano, mesmo sem a visão continuam a formar inúmeras imagens.
Nos encontros
sempre ouvimos relatos das experiências dos participantes sobre sua relação com
a fotografia. É pensando assim, que histórias contadas por eles, vivenciadas
diariamente nos levam entender melhor “porque não fotografar?”
Não podemos
generalizar que toda pessoa cega não tem autonomia. Desejar fotografar então já
não é uma questão de poder ou não poder e sim de querer ou não querer. Alguns
deles querem, e cada vez mais proporcionam admiração pela materialização
exterior de seu olhar interior.
A fotografia é um
fragmento representativo, um recorte do que designamos como real. O aparelho
fotográfico não é mais do que um acessório técnico com o qual tentamos exprimir
nossa situação existencial. Pensando nisto, a construção de uma imagem através do
aparelho fotográfico está diretamente relacionada ao que aquele momento
proporciona, não exatamente e exclusivamente relacionado à visão.
Segundo Evgen
Bavcar em A luz e o cego, o olhar físico que quer ver não é o olhar da verdade,
pois a veracidade de uma presença só pode ser confirmada através do toque
físico. Somente o tato é o mais seguro sinal de uma existência real. Pode-se
dizer que todos os sentidos (tato, olfato, paladar, audição) e não somente a
visão, são importantes para compor um repertório imagético. É o abraço de
alguém que faz lembrar de algo que passou, um perfume, uma comida, uma
música...
Ana Claudia.
Diz “Busco uma imagem ampla para trazer o máximo de informações possíveis,
busco a essência, um ponto focal. Por exemplo: Fotografar uma borboleta e poder
descrever aquela imagem. Quantas informações, sobre cores, texturas,
composição. Sou muito intensa em emoção, e eu uso a fotografia para criar esse
diálogo. Hoje posso dizer que a fotografia me tornou outra pessoa.”
METODOLOGIA
“A gente só escuta
pessoas que não acreditam na gente, que perguntam, ‘Cego tirando foto? ´Que é
isso?’”, comentou a aluna Débora. Esta pergunta não há dúvida, é a mais
recorrente para todos os alunos e educadores do projeto. Em diferentes
contextos, quando se fala em fotografia com deficientes visuais, surge o mesmo
questionamento: Como é que alguém que não enxerga consegue fazer uma foto?
Ao longo dos anos,
percebemos que não existe uma única resposta para essa pergunta, senão várias,
porém, temos consciência de que não sabemos tudo. A cada aula é uma barreira a
ser vencida. As fotografias dos alunos, neste caso, são provas imagéticas e
tangíveis da possibilidade do fazer fotográfico.
“Como a gente não tem a orientação visual, a
gente tem que expressar um olhar de dentro,” - explica o aluno João Batista. “A fotografia é antes de tudo imaginar a
imagem na cabeça, e depois fazer o click.” Completa João.
FOTOGRAFIA
PARTICIPATIVA
O conceito de
Fotografia Participativa tem sido usado por várias entidades pelo mundo. Apesar
da fotografia ser naturalmente uma atividade colaborativa, este termo tem como
objetivo se munir da atividade fotográfica como instrumento de comunicação
visual para promover, fomentar e propagar ideias de abordagem ética, social e ideológica.
É uma forma de “voz ativa” na sociedade ao seu redor, entre familiares, amigos,
comunidade e etc. No curso há um espaço para suscitar novas iniciativas que
beneficiem os próprios alunos. Como por exemplo, a mostra feita por eles com
fotos sobre, Acessibilidade. Um misto entre denúncia e reconhecimento sobre
espaços acessíveis e inacessíveis na cidade de São Paulo.
“Essa relação de
ensinar e aprender de forma participativa permite ver o crescimento e
amadurecimento dos meus amigos. Assim como eu, eles estão conhecendo coisas
novas e reconhecendo suas limitações. Juntos trocamos experiências boas e
ruins, entendemos a necessidade do outro e nos ajudamos mutuamente.” Lelo
Araújo.
FORMAÇÃO DOS
PROFESSORES
Durante o processo
de estruturação do curso, como tudo era novidade, notou-se a necessidade de
entender melhor a realidade da vida de um deficiente visual e como tornar
acessível os recursos visuais da câmera, descrição das imagens, literalmente
uma imersão neste “novo” mundo.
Além da experiência
e do trabalho já desenvolvido pelo espaço braille no campus Senac São Paulo,
conhecemos outras ações de programas educativos voltados para este público,
como Laramara, Dorina Nowill, Museu do diálogo e Pinacoteca do Estado.
Visitar esses
lugares foi extremamente importante para formação pedagógica e pessoal dos
professores.
ORIENTAÇÃO E
MOBILIDADE
“As pessoas
videntes, às vezes, não percebem o mundo ao seu redor. As pessoas tem medo da
proximidade com o deficiente, de não saber como lidar.” Diz a aluna Bernadete
Moraes.
Os educadores do
projeto fazem formação de orientação e mobilidade para trabalhar melhor com as
pessoas deficientes.
COMO PRODUZIR
IMAGENS?
Esta é uma
curiosidade comum entre todos, até mesmo dos alunos que se interessam pelo
curso.
“Fiquei com muita
curiosidade...”, falou, “até fiquei sem dormir essa semana querendo saber como
é que vamos conseguir fotografar. Vamos conseguir o foco? Como é que vamos
saber o que é que estamos fazendo?” Disse Silvan, aluno, no seu primeiro dia de
aula.
Com apoio de
materiais pedagógicos o aluno é levado ao mundo das referências fotográficas.
Esses materiais são táteis, em alto relevo e ajudam a compor o repertório
imagético, na idealização na hora da produção e na descrição.
Com a prática o
aluno acaba criando o seu próprio jeito de fotografar e de se localizar no
espaço seja para produzir imagens de pessoas, objetos ou autorretratos.
COMO DESCREVER AS
IMAGENS PRODUZIDAS?
A partir de
pesquisas, leitura de referências e através do que vem sendo usado em sala de
aula desde o início do curso, pode-se dizer que foram integrados dois métodos
para descrever as imagens, são eles: descrição e audiodescrição.
Um dos recursos
aliados a descrição é a sensibilização através do material pedagógico (um
conjunto de imagens de vários fotógrafos em alto relevo, com diferentes
texturas). Quando vamos falar sobre novas referências na fotografia é feita uma
aplicação de cola alto-relevo ou materiais com diversos tipos de textura, como:
papel veludo, pedaços de madeira, algodão, caroço de arroz e etc., para que ao
falar, descrever, determinada imagem, o aluno consiga ter uma percepção maior,
mais “palpável” do conteúdo, usando o tato.
O
professor/educador descreve a imagem e o aluno pode senti-la ao passar os dedos
sobre o papel.
Como descrevemos
Durante o curso
fez-se necessário a adaptação e criação de novas abordagens para se descrever
as imagens. Os alunos não podem produzir sem saber o que é, e como está sendo
feito. Faz parte do processo de ensino participativo a construção dos
resultados de modo coletivo.
As descrições
produzidas são livres, mas abaixo em ação conjunta em sala de aula foram
delineadas questões norteadoras para auxiliar na produção e adaptação de cada
descritor. Assim, qualquer pessoa poderá fazê-lo!
Abaixo lista
elaborada pelo grupo para auxiliar a descrição:
• Formato:
• Colorida ou preto
e branco
• Qual é área da
fotografia: retrato, paisagem, still (objeto), arquitetura
• Principal(ais)
objeto(s) da cena
• Proporção do(s)
objeto(s) no quadro
• Plano:
etc
Em exposições
A produção do
material contou com a ajuda da Audiodescritora Lívia Motta uma das
organizadoras do livro: Audiodescrição – Transformando imagens em palavras.
EXPOSIÇÕES
"Somos o que fazemos,
mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos." Eduardo
Galeano
O termo exposição
vem do latim – exponere – isto é, por para fora, entregar à sorte. É um
processo de experimentação que só se saberá o resultado a partir do momento em
que este material é apresentado ao público. As exposições produzidas no projeto
tiveram e tem o objetivo divulgar o curso, mostrando a forma como cada aluno
percebe o mundo.
Cada mostra
oferecida foi desenvolvida para mostrar de forma crítica e pontual opiniões
sobre determinados assuntos.
Produzimos mais de
12 exposições, como por exemplo: Percepções do visível (2008), Acessibilidade
(2009), Estética do Invisível (2010), Calendário (2011), Paralímpicos (2013) e
Olhar a toda prova (2013). Tranver, Sp Cidade ( in) acessível,
Nas exposições
temos cópias em alto relevo, audiodescrição, código QR e legenda em braille,
algumas piso tátil, além de visita guiada por todo o espaço.
Planejamos um curso
EAD ( educação a distancia, para o ano de 2016 no site
www.alfabetizacaovisual.com.br.
Convido novamente a
visitar a mostra Transver , fotografia feita por pessoas deficientes
visuais até março de 2016 na pinacoteca de são Paulo.
Segue abaixo
fotografias e descrições da Bia Santana e Eber Anacleto desta mostra.
Obrigado e parabéns
ao organizadores e participantes do congresso.
Site e Facebook –
alfabetização visual
João Kulcsár
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